Guerra ao Terror

“Mas é só guerra o filme inteiro”. Essa é uma das posssíveis reações de quem conferir ‘Guerra ao Terror’ – foi o que ouvi quando assisti a produção em sala de aula, acompanhado de uma sala sonolenta e entediada. Vencedor de 6 Oscars e reconhecido internacionalmente, a produção é absolutamente um dos melhores filme de 2009.

Pode até ser tiroteio, tensão e guerra mesmo o filme todo, mas essa experiência é necessária para cada espectador, por cada detalhe que a fita reserva e reflete em suas quase duas horas e dez de duração. São assuntos intrísecos que precisam ser pensados por cada pessoa, para que cada um tenha noção o que qualquer tipo de conflito é capaz de envolver em suas partes integrantes.

O enredo é um dos mais provocativos dentro dos indicados ao Oscar. Enquanto ‘Avatar’, que era o poderoso em efeitos, mas fraco em roteiro, e ‘Bastardos Inglórios’ que corria pelas beiradas com uma história sarcástica e bem amarrada, ‘Guerra ao Terror’ mostra um grupo de soldados americanos que em cada dia vivencia um novo drama: são bombas que precisam ser desativadas, tiroteios contra a hegemonia americana, enfim uma verdadeira batalha contra o terrorismo, cenário da realidade chamada Oriente Médio e seus anexos.

O grande destaque de ‘Guerra ao Terror’ é seu poder de reflexão. Sim, é um filme cansativo (assista sem sono e bem disposto), mas a crítica e os tópicos apresentados devem ser vistos com muita cautela. Vemos esse verdadeiro combate em outros olhos, na visão de soldados que querem ir embora para suas casas e até mesmo existem alguns com parafusos a menos. Isso é o que aproxima ainda mais a fita com o nosso cotidiano.

Tratando-se de roteiro e planos de câmera, a produção impressiona. Como já foi dito, é um filme necessário, que vem para mostrar aquilo que realmente precisamos saber – fugindo dos velhos clichês como ‘Pearl Harbor’ de Michael Bay (Transformers), em 2001, que investiu muito mais em explosões e bang-bangues do que em formação de opinião em si. A direção de Kathryn Bigelow também é muito peculiar, que compôs boas cenas, impressionando com takes bem diferenciados e um tanto “poéticos”.

Outros pontos fazem de ‘Guerra ao Terror’ uma obra-prima. A fotografia investe em boas tonalidades, complementando ainda mais o trabalho de Bigelow. As atuações também foram bem desenvolvidas (destaque para Jeremy Renner, que desempenha a vivacidade da obra como um todo, mas não levou o Oscar) e um elenco bem amarrado.

Fantástico, crítico e exibindo aquilo que o mundo precisava saber sobre o terrorismo que paira em todos os continentes, ‘Guerra ao Terror’ é uma experiência cinematográfica básica para qualquer pessoa. Cansativo, mas realmente necessário e surpreendente.

GUERRA AO TERROR

EUA. 2009.

Estrelado por: Jeremy Renner, Ralph Fiennes, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce

Dirigido por: Kathryn Bigelow

NOTA: 9,0